Assimilações da aula “O espetáculo e o espectador”, ministrada pelo Prof. Dr. Clóvis de Barros Filho, acerca do subjetivismo cartesiano, do cientificismo galilaico e do humanismo moderno
Não matematize radicalmente o conhecimento. Eu duvido, logo sou. Eu penso. Não se duvida da dúvida. Confiável está na esfera do relativo. Absoluta é a verdade dos números. As certezas absolutas estão e devem estar ao alcance de qualquer um.
Antes de Galileu, a ciência era realista, com sua percepção ingênua e espontânea do mundo. A perspectiva galilaica inverte o processo. Galileu, com sua nova Física, propõe uma matematização radical do conhecimento. O quantitativismo científico proposto pela matematização da ciência começa a despertar inquietação. Passa-se a tornar igual aquilo que não é exatamente igual, o mundo é submetido a abuso.
O método cartesiano propõe o Discurso do Método, com sua concepção mecanicista da natureza. Este seria mais verossímil se fossem aparadas as arestas da singularidade dos fenômenos, que tornam toda a quantificação abusiva e estuprante de um real que não se pode categorizar e matematizar, porque cada unidade de real apresenta sua singularidade. Isso torna a quantificação abusiva e nada garantidora de certeza alguma.
O método cartesiano propõe o Discurso do Método, com sua concepção mecanicista da natureza. Este seria mais verossímil se fossem aparadas as arestas da singularidade dos fenômenos, que tornam toda a quantificação abusiva e estuprante de um real que não se pode categorizar e matematizar, porque cada unidade de real apresenta sua singularidade. Isso torna a quantificação abusiva e nada garantidora de certeza alguma.
Pouco a pouco são definidas teses metodológicas qualitativistas que buscavam o afinamento com a singularidade das unidades de real. Essas teses são menos pretensiosas e lidam com um mundo infinitamente complexo que não se pode tratar com certeza.
Essa sistematização é rompida com o advento do Humanismo. O pensador moderno não pretendia investigar certezas a respeito do mundo e de si mesmo ou conhecer por conhecer. Entretanto, buscava um projeto grandioso de civilização. O pensador moderno enxergava a civilização à frente, buscava por uma finalidade da sua existência e do coletivo. Assim, a sociedade passa de um realismo ingênuo a um idealismo garantidor das verdades absolutas.
A emancipação e a felicidade são pontos de chegada do esforço civilizatório humanista. O humanismo pressupõe o “eu sei aonde quero chegar”. Essa felicidade serve de norte para todo e qualquer esforço reflexivo. No pensamento moderno humanista, os esforços de conhecimentos são meios para se chegar a um fim.
Essa sistematização é rompida com o advento do Humanismo. O pensador moderno não pretendia investigar certezas a respeito do mundo e de si mesmo ou conhecer por conhecer. Entretanto, buscava um projeto grandioso de civilização. O pensador moderno enxergava a civilização à frente, buscava por uma finalidade da sua existência e do coletivo. Assim, a sociedade passa de um realismo ingênuo a um idealismo garantidor das verdades absolutas.
A emancipação e a felicidade são pontos de chegada do esforço civilizatório humanista. O humanismo pressupõe o “eu sei aonde quero chegar”. Essa felicidade serve de norte para todo e qualquer esforço reflexivo. No pensamento moderno humanista, os esforços de conhecimentos são meios para se chegar a um fim.
O paradigma da subjetividade levou à desconstrução do sujeito. Este mundo passa a perder a capacidade de cogitar sobre os fins. Heidegger definira esta impossibilidade de reflexão sobre os fins como o mundo da técnica. Mundo em que o meio vale pelo meio. Os meios acumulados dispensam a reflexão sobre a finalidade desses meios. O desenvolvimento das forças produtivas (Marx) basta por si próprio. Tramita um esforço espetacular de acumulação de meios, sem que se possa saber para que, com que finalidade, para onde vamos. Daí, o mundo da técnica, a técnica é reflexão sobre os meios. Mas aqui a reflexão sobre os meios dispensa a reflexão sobre os fins. Os fins são os próprios meios.
A primeira modernidade é substituída por outra, por uma segunda modernidade. Esta se caracteriza por um momento profundo de desconstrução dos valores modernos e questiona o paradigma do sujeito, tanto da ciência moderna, quanto das finalidades humanistas. O outro é problematizado, é um ponto de interrogação espetacular. O outro se manifesta, é pouco mais que uma coisa. Quem garante que suas manifestações correspondem aos aspectos essenciais? Posiciona-se sob o crivo da dúvida radical do cartesianismo, assim como tudo que passa pelos olhos. Descartes tem dificuldade de incorporar o outro. Não se pode ter certeza que o outro também pense. Torna-se difícil o estabelecimento de uma civilização feliz devido à incerteza que o outro possa ser pensante, duvidante, cogitante. O outro não passa de uma probabilidade. Cai-se no solipsismo, na solidão aprisionante.
Hoje o universo foi redimensionalizado em onze facetas, com a construção das teorias das supercordas, à procura de novos conceitos para a reunificação dos fenômenos mais distintos e para a resolução de problemas, como o da gravitação quântica. Entretanto, ainda que bastante plausíveis, essas teorias carecem em reprodutibilidade.
Perspectiva estética do espetáculo
Durante muito tempo de reflexão filosófica, acreditava-se que o belo era um dado das coisas do mundo. O belo é natureza e esta é bela porque cósmica, porque ordenada, porque compreensível. Então neste ponto da reflexão, tipicamente grego, a obra de arte era a imitação da natureza, a bela obra de arte era a bela imitação da natureza. O belo está em tudo ordenadamente coligado para que o universo funcione bem. A obra de arte é a imitação desse belo. O belo neste momento independe do eu.
Durante muito tempo de reflexão filosófica, acreditava-se que o belo era um dado das coisas do mundo. O belo é natureza e esta é bela porque cósmica, porque ordenada, porque compreensível. Então neste ponto da reflexão, tipicamente grego, a obra de arte era a imitação da natureza, a bela obra de arte era a bela imitação da natureza. O belo está em tudo ordenadamente coligado para que o universo funcione bem. A obra de arte é a imitação desse belo. O belo neste momento independe do eu.
A modernidade propõe a reflexão de que se o sujeito comanda o espetáculo. Como se pode dizer que o sujeito não participa da definição do belo? O homem moderno, giro antropocêntrico, traz pra si a possibilidade de distinguir o belo do feio. A partir daí, o que importa fundamentalmente é o sujeito. Nada mais será belo em si, mas será belo quando constatado pelo sujeito como tal. Portanto, de certa forma, a beleza não se impõe mais, mas a beleza é um resultado da apreciação subjetiva do mundo. Dentro dessa perspectiva, a árvore ou a lua não são nem belas nem feias, mas somos nós que lhes daremos esse estatuto.