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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Elizabeth Barrett Browning (1806 - 1861): Opium


"Knowledge by suffering entereth,
And life is perfected by death."

Charles Baudelaire (1821 - 1867): Absinthe, Alcohol, Opium


"Je suis un cimetière abhorré de la lune."
"I am a cemetery loathed by the moon." (Spleen II)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sobre as interligações entre Mitologia Grega, Farmacologia, Homeopatia e Taxonomia de serpentes

Na mitologia grega, as moiras (em grego antigo Μοῖραι) eram três irmãs que detinham o ofício de controlar o destino das pessoas.
 Sir Edward Burne-Jones - A roda da fortuna
 
Durante o trabalho, as moiras faziam uso da Roda da Fortuna, tear utilizado para tecer os fios que demonstra o arquétipo da fatalidade da morte. As voltas da roda posicionavam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos.
Na Ilíada, representava uma lei que pairava sobre deuses e homens, pois nem Zeus estava autorizado a transgredi-la sem interferir na harmonia cósmica. Na Odisséia, aparecem as fiandeiras.
Giovanni Boccaccio - A roda da fortuna

Os poetas da antiguidade descreviam as moiras como mulheres de aspecto sinistro, de grandes dentes e longas unhas. Nas artes plásticas, ao contrário, aparecem representadas como lindas donzelas. As Moiras eram:

    * Cloto (Κλωθώ; klothó) em grego significa "fiar", segurava o fuso e tecia o fio da vida. Junto de Ilítia, Ártemis e Hécata, Cloto atuava como deusa dos nascimentos e partos.
    * Láquesis (Λάχεσις; láchesis) grego significa "sortear" puxava e enrolava o fio tecido, Láquesis atuava junto com Tyche, Pluto, Moros e outros, sorteando o quinhão de atribuições que se ganhava em vida.
    * Átropos (Ἄτροπος; átropos) em grego significa "afastar", ela cortava o fio da vida, Átropos juntamente a Tânatos, Queres e Moros, determinava o fim da vida.
Alfred Agache - Alegoria da Fortuna (1885)

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Nos aspectos etimológicos, Láquesis origina o gênero de serpentes Lachesis sp., representada no Brasil pela surucucu, maior cobra peçonhenta da América do Sul, cujo veneno apresenta atividade hemorrágica, além de provocar síndrome vagal no acidentado. Na Homeopatia, seu veneno é utilizado como medicamento para uma variedade de indicações (vide lógica mais filosófica que científica da referida linha terapêutica).

Átropos me faz lembrar de Atropa belladonna L., que na taxonomia refere-se à planta de alto grau de toxicidade, principalmente devido à presença de seus alcalóides anticolinérgicos. Mas como Paracelsus com seu célebre apontamento já observou no século XVI que "todas as substâncias são venenos e que a dose certa diferencia um veneno de um remédio", a Atropa belladonna L. naturalmente produz a atropina, substância de importância fundamental na Farmacologia, como fármaco parassimpatolítico. Este, por sua vez, ainda que seja capaz de matar em circunstâncias de superdosagem, também serve como antídoto - em suas respectivas doses terapêuticas - para intoxicações por inseticidas organofosforados (metamidofós, clorpirifós) e carbamatos (chumbinho), gases neurotóxicos (Sarin), dentre tantas outras indicações.


Cloto me faz remeter a Crotalus sp., gênero de serpente da popular cascavel, cujo veneno provoca ação neurotóxica (ptose palpebral, diplopia, fácies miastênica), miotóxica e anticoagulante.

















Entre em contato comigo caso queira reproduzir esse texto.

Sedare dolorem opus divinum est






















Hieronymus Bosch - Death and the Miser

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Psicologia de um vencido (Augusto dos Anjos)

 
George Seurat

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

"Holy Sonnet X: Death, Be Not Proud" (John Donne)

 William Blake


Death, be not proud, though some have called thee
Mighty and dreadful, for thou art not so;
For those whom thou think'st thou dost overthrow
Die not, poor death, nor yet canst thou kill me.
From rest and sleep, which yet thy pictures be,
Much pleasure, then from thee much more, must low
And soonest our best men with thee do go,
Rest of their bones and soul's delivery.
Thou art slave to fate, chance, kings and desperate men
And dost with poison, war and sickness dwell,
And poppy or charms can make us sleep as well
And better than thy stroke; why swell'st thou then ?
One short sleep past, we wake eternally,
And death shall be no more; death, thou shalt die.
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Morte não te orgulhes, embora muitos te chamam
Poderosa e apavorosa: o que não eres tu;
Porque os que pensas ter derrubado,
Não morrem, oh morte, e nunca poderias tu matar a mim.
Eres na verdade o retrato de denscanso e sono
E o prazer não é tão pouco teu.
Dos nossos os mais puros contigo vão primeiro
Para descansar seus ossos e entregar suas almas.
Tu eres escrava do destino, do acaso, de reis e homens desesperados;
Mas o veneno, a guerra e a doença também nos fazem dormir
É até melhor que fazes tu; por que então te orgulhas?
Depois do cochilo, acordaremos eternamente,
E a morte nada mais será; morte, tu morrerás.

John Donne é considerado um mestre do conceito metafísico, uma metáfora abrangente que combina duas idéias imensas em apenas uma, frequentemente utilizando imagens. Diferentemente de comparações cliché entre objetos mais intimamente relacionados (tais como uma rosa e amor), os conceitos metafísicos avançam mais profundamente no que diz respeito à comparação de dois objetos completamente diferentes, embora, às vezes, pelos paradoxos radicais e antíteses de Shakespeare. Um dos mais famosos conceitos de Donne está em "A Valediction: Forbidding Mourning", no qual compara dois amantes separados pelas hastes de um compasso.