quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Placebo - Without You I'm Nothing (live, Rock Am Ring 2003)






Sem Você Eu Não Sou Nada



Strange infatuation seems to grace the evening tideEstranha paixão parece encantar a maré de noite
I'll take it by your sideEu levarei isso ao seu lado
Such imagination seems to help the feeling slideTal imaginação parece ajudar os sentimentos deslizados
I'll take it by your sideEu levarei isso ao seu lado
Instant correlation sucks and breeds a pack of liesCorrelação imediata bombeia e gera um pacote de mentiras
I'll take it by your sideEu levarei isso ao seu lado
Over-saturation curls the skin and tans the hideSaturação extra enrola a pele e bronzeia o couro
I'll take it by your sideEu levarei isso ao seu lado

Tick, tockTick tock
Tick, tockTick tock
Tick, tockTick tock

Tick, tickTick tick
Tick, tick, tickTick tick tick
Tick, tick, tickTick tick tick
Tick, tockTick tock

TickTick

I'm unclean, a libertineEu sou um sujo, um libertino
And every time you vent your spleenE toda vez que você desabafa sua melancolia
I seem to lose the power of speechEu pareço perder o poder da fala
You're slipping slowly from my reachVocê está deslizando lentamente de meu alcance

You grow me like an evergreenVocê me cultiva como uma sempre-viva
You've never see the lonely me at allVocê nunca viu meu lado solitário.

IEu
Take the plan, spin it sidewaysLeve o plano, gire lateralmente
IEu
FallCaio

Without you, I'm nothingSem você eu não sou nada
Without you, I'm nothingSem você eu não sou nada
Without you, I'm nothingSem você eu não sou nada

Take the plan, spin it sidewaysLeve o plano, gire lateralmente

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Metabolic Pathways

Do you think you have any control over your body?
Do you think you know enough about you?
Do you dare to know how your body works?
Are you limited enough to think that the human being is just a collection of organs that work in synchronicity?
Are you sure that anabolic androgenic steroids, or antidepressive pills are all good to you?
Against pseudoscience, simplified conclusions, fallacies and deliriums of self-sufficiency.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

This is England (Shane Meadows, 2006)





 

 
 
 

This is England

Direção: Shane Meadows
Elenco: Thomas Turgoose, Stephen Graham, Jo Hartley, Andrew Shim, Vicky McClure, Joseph Gilgun

Prêmios:
British Independent Film Award (2006): Best British Independent Film, Most Promising Newcomer (Thomas Turgoose).

London Film Festival (2006): UK Film Talent Award

Gijón International Film Festival (2007): Young Audience Award ("Enfants Terribles")

Newport International Film Festival (2007): Best Director Award

BAFTA Film Award (2008): Best British Film

Mons International Festival of Love Films (2008): Best European Film, Young European Jury Award

Em 1983, um garoto de doze anos de uma pequena cidade inglesa sofre a perda do pai, na guerra das Malvinas. Isolado e vítima de bullying na escola, o garoto fica amigo de uma gangue de skinheads. Shaun descobre o seu primeiro amor, as festas e adquire suas primeiras botas Dr. Martens. Conhece Combo (Stephan Graham), mais velho, skinhead racista e recentemente saído da prisão. Combo traz as suas novas ideias para o grupo e aí começam as ameaças aos vizinhos imigrantes, esta fase representa, para Shaun, a passagem da inocência para a vida adulta.
Um filme muito autobiográfico, segundo Meadows, que foi skinhead. O filme também retrata a infiltração da National Front, os radicais de extrema direita ingleses, que foram ganhando influência nestes grupos de jovens de bairros suburbanos, com muito tempo livre, que tinha uma maneira diferente de se vestir. Uma inspiração militarista ganha forma... as botas Dr. Martens. E aí se enquadra uma indentidade.
O movimento original skinhead surgiu nos finais dos anos 60, no seio da comunidade jamaicana. Desde cedo, este movimento se revelou multicultural, abrangendo negros e brancos, atraídos principalmente pela música reaggae/ska. Só a partir dos anos 80, com a influência dos grupos racistas e extremistas, que se foram apoderando do conceito visual skinhead, o movimento ganhou notoriedade pelas piores razões. Este filme de Shane Meadows exprime fielmente essa passagem do tempo da nossa recente história.

domingo, 29 de novembro de 2009

ATO III - CENA I - Solilóquio de Hamlet

Ser ou não ser - eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias –
E combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com o sono – dizem – extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer – dormir –
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem aguentaria os fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão, porque o terror de alguma coisa após a morte –
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos,
A fugirmos pra outros que desconhecemos?

Medo (Isaías do Maranhão)

A LUTA AINDA NÃO COMEÇOU.

Ela se esconde na carne-humana,
comida na história.

Sou um cigarro de crime,
tragando a vida na boca
de tua consequência.

Oh! América, cofo de câncer.
Não estou morto em ti, passei pela
morte quando provei a verdade.

IRMÃOS. Trago na boca
a nata amarga do silêncio
coalescente à língua entre dentes
quebrados no denunciar.

Usina do crime (Isaías do Maranhão)

HOJE A MORTE ME VISITOU.

Arranquei da boca um xeque-mate
de palavras e baralhei os gritos
no afiado dos dentes.
Amarraram minhas mãos na mão da morte,
não neguei a hora, o derradeiro minuto
dormiu comigo.

Menino acorrentado, torno-me combatente.
Espio nas madrugadas geladas os rastros
dos inimigos e não dormirei um segundo
à morte de meu povo.

O crime era usinado, na mesa e no livro
da palavra. Minha boca ferida sonhava,
um dente de meu irmão embrulhado
na língua, caía em minha cela.
No corredor, um corpo era arrastado
por homens encapuzados.

Os fuzis pariam guerra, meu povo
a bebia como chaga na face encarcerada.

Meia-noite. Nas celas, os chicotes
cortavam palavras.

Do outro lado da vida, o povo
sentava-se à mesa servida a crime,
corrupção, medo e terror. E as promessas
dos deuses geravam folhas de primavera
queimada.

E neste cemitério de vivos,
foi proibido o canto, a palavra
e o sonho. E no inferno da USINA,
eu bebia torturas e a dor de minha
gente.

NO ACREDITAR, QUE UM DIA O POVO
VENCERÁ A MORTE.

O caixão dos chacais (Isaías do Maranhão)

Não tenho tambores
na marcha
GRITO.

Meus dentes já não guardam
mais a língua amarrada
CANTO.

O SOL já beijou
a LUZ e se deitou.
LEVANTO.

Vejo na cidade tochas
de fogos penduradas
em ferro e concreto,
GRITO.

E antes do SOL se acordar
à sombra do dia, é vendida
e comprada a noite,
CANTO.

E em procura dos CHACAIS,
me torno PUNHAIS
E
- MARCHO

Charles Bukowski - Cão

Um cão
a andar sozinho pelo passeio num quente
verão
parece ter o poder
de dez mil deuses.

Por quê?

sábado, 28 de novembro de 2009

Jack Kerouac

"Let's commit suicide together."

Multitasking means multistucking

Multitasking means multistucking.


Multitasking



Multitasking


 
Multitasking



Multistucking



Multistucking

domingo, 11 de outubro de 2009

William Burroughs 1914-1997 - Documentário de Jean-François Vallée







William Burroughs
1914-1997
Documentário de Jean-François Vallée
Tenho certeza que nosso jovem americano ... Sr. Burroughs não quer que peguem seu chapéu. Ladrão ! Ladrão! Ladrão!
“Um vento ruim, que sem dúvida soprou lá nos corredores das prisões, vem agora soprar aqui, inocente como a neve.” (Moby Dick)
“Ele observava. E por isso que diziam o homem invisível. Ele era visto ali e, cinco minutos depois ,ele estava em frente ao consulado francês com seu sobretudo, assim, e seu chapéu, muito sério. Não sabíamos se ele estava drogado ou se era uma posição de alerta. 'Cuidado comigo!' Entende? É como se ele dissesse 'Cuidado comigo, sou um homem perigoso!'”
Vá em frente, Kid, seja um bom branco. Afinal, o resto é gado, é gente ordinária. E me faz mal ver um garoto cheio de futuro se perder. Você não pode renegar seu sangue, você é branco, branco. Não se pode sair do caminho assim. Isso não leva a nada.
“Sua missão era libertar-se de seu passado, das coisas que o condicionavam ao ponto que ele perdia o controle de si mesmo.”
A enfermeira passa com sua bandeja de prata alimentando os drogados. Eles a chamam de mamãe. Vocês não chamariam?
Um agente só pode controlar outros milhares, mas ele precisa das coordenadas.
O inferno em nome da liberdade.
O ser humano como um produto de consumo qualquer.
Alguns vivem sob o efeito da droga, outros ultrapassam os limites de certas práticas sexuais.
Um de nossos agentes se faz passar por escritor, autor de um romance pornô, no qual ele descreve o orgasmo. Era uma armadilha e eles caíram nela.
Todos, cedo ou tarde, dirão as mesmas frases, feitas das mesmas palavras, a fim de ocupar no ponto de intersecção, a mesma posição no espaço-tempo. Um modo bem medíocre de exprimir conhecimento e reconhecimento.
O drogado nu sob o sol
Não há mais drogados na esquina da 103 com a Broadway esperando o contato. Os traficantes foram embora. Mas o cheiro ficou. Ele impregna, segue-o até o fim da rua, depois arrefece como um mendigo que desanima. Eu corria ao lado de meu corpo tentando parar o linchamento como um pobre fantasma, pois não passo de fantasma e procuro o que procuram meus semelhantes, um corpo, para romper a longa vigília, a corrida sem fim pelos caminhos do espaço.
Você espera a todo momento, ver uma poça de protoplasma saltar do drogado e o lambuzar. É nojento. No entanto, todos os rapazes serão assim um dia. A vida não é peculiar?
Os delinqüentes de hoje
“Os fatores a que estamos expostos determina o que somos. Seja os valores da sociedade, seja o código dos criminosos.”
Possessão é como chamam isto, é falso. Nunca estou assim. De alguma forma, estou fora disto, meio em desordem, no interior da camisola de gelatina, dando origem a formas diferentes a cada movimento, cada pensamento, a cada impulso de uma inspeção sem rosto.
“Enfiadas no gargalo do tempo, a maioria das pessoas vai para um universo fraturado.”
Se eu evito, de maneira geral, recorrer à tortura, que tende a cristalizar a oposição e a mobilizar as forças de resistência, estimo, por outro lado, que a ameaça de tortura contribui a suscitar no sujeito um sentimento de impotência disfarçado de gratidão em relação ao inquiridor que não se utiliza dela.
Em meio à reclusão, a boca e os olhos formam um só órgão que absorve essas idéias transparentes. Os órgãos perdem toda a sua constância, quer se trate de sua posição, ou de sua função. Órgãos sexuais aparecem por todo lado, outros órgãos se abrem e se fecham, o organismo muda de textura e de cor, variações alotrópicas reguladas com precisão milimétrica.
É a velha história da droga. Você congela o pombo e, quando descongela, isso dói.
Formas de sexo e de dor eclodem na carne paralisada, então, você precisa de mais.
Copulemos sobre um amontoado de lixo, excremento de sucata enferrujada num calor branco. Um panorama de cretinos se estende até o horizonte. O silêncio é absoluto. Teremos cortado os órgãos da palavra, exceto o crepitar de faíscas e o tênue estalo de pedaços de carne queimados, que se ouve enquanto os cretinos se aplicam mutuamente eletrodos ao longo da coluna vertebral.
Saint-Louis
Eu nasci em 1914, numa casa de tijolos vermelhos de três andares, numa grande cidade do Meio Oeste. Minhas primeiras lembranças são coloridas pelo terror dos pesadelos. Eu tinha medo de ficar sozinho, medo do escuro, tinha medo de adormecer por causa dos pesadelos, onde o horror parecia sempre muito real.
Eu me lembro de um sonho de infância. Estou num belo jardim. Eu toco as flores e elas murcham sob meu toque.
A música remonta aos anos 20. Um menino de 10 anos que faz guarda calçadas degradadas, terrenos de periferia, vozes de Music Hall. Somos um fluxo ininterrupto de acontecimentos distantes e evacuamos os traços de um tempo de que havia me esquecido, ar úmido e sujo em uma garagem, odor agudo que penetra , eu procuro, ele partiu.
Eu era aluno no rancho-escola de Los Alamos, no mesmo lugar onde mais tarde foi criada a bomba atômica. A bomba que explodiu em Hiroshima, prova na noite que nossa bandeira já tremulava lá.
“Este garoto está podre até a medula e ele fede como um gato vira-latas”, proclamou o juiz Farris. E era verdade, quando estava excitado ou nervoso, Kim ficava vermelho e emanava um vapor animal rançoso. “Esta criança não é sã”, observou o senhor Bienveillant, com sua discrição habitual. Eu confiei a meu diário meu amor platônico por um outro garoto. O que me afastou, em seguida, e por muito tempo, da escrita.  
Não eram as passagens sexuais, era a terrível falsidade das emoções exprimidas.
“Sua paixão homossexual começou em Los Alamos. Mas ele só teve sua primeira relação em Nova Iorque. Nos anos 40, quando por frustração amorosa, ele cortou um dedo.”
1932: Harvard
“Ele tinha uma grande educação, ele conhecia História, conhecia o misticismo. Aliás, nas próximas décadas, os professores terão muito trabalho, pois há muita coisa sobre ele que ainda não é conhecido.”
"Burroughs parte para Viena, onde estuda Medicina. A guerra começa, ele tenta entrar para a CIA, mas não é aceito."
De volta a Nova Iorque, faço pequenos trabalhos: detetive particular, exterminador de baratas, barman, flertei com o crime, foi nessa época que entrei em contato com a droga.
“Vivendo ali, Burroughs encontra Ginsberg e Kerouac e se torna padrinho, à sua revelia, da geração beat.”
“Para começar a escrever seriamente, ele precisava de um público, este foi o papel de Allen Ginsberg e Jack Kerouac, através das cartas que lhe escreviam.”
“Burroughs se apaixonou por mim, dormimos juntos, eu vi sua ternura, sua vulnerabilidade, sua solidão e me senti privilegiado:  - Só eu tenho a chave dessa parada selvagem.”
“Burroughs se casa com Joan e tem um filho, Billy Junior, cultiva maconha e legumes no Texas. Depois heroína. A família vai para Nova Orleans. Joan vive sob o efeito de anfetaminas, Burroughs usa todo tipo de drogas.”
Vem-se a Nova Orleans para se divertir, no entanto é uma rede complexa de tensões labirínticas que frustra aqueles que buscam o prazer. Eu não encontro estes bairros da droga por respeito, mas por instinto. A droga começa a dançar em minhas células como a varinha mágica do mago perto da água. Sentado em minha cela, me sinto reduzido a um monte de ossos.
“Ele sabia o que ia acontecer no mundo atual. Quando ele escreveu “The Algebra of Need”, quando ele fala do drogado de base, na base da pirâmide da necessidade, é o modo de relação entre viciado e traficante simplificar e degradar o consumidor, assim como a substância. Simplificar a droga e o consumidor dela.”
Professor Shaeffer, criador da lobotomia, estou lhe enviando minha obra maior, o manual do super-americano feliz, aquele que faz sua entrada num calabouço de escravos, que vegetam sobre estrados, com suas expressões selvagens. O super-homem se agita, sua carne se transforma em líquido viscoso e translúcido, que se volatiliza em fumaça esverdeada, revelando um monstro de patas pretas. O tornado de vento negro da morte turbilhona sobre o universo, querendo fugir dos delitos de cada um, os carregadores dessa carne cheia de terror que flutua sobre a curva das probabilidades. Conceitos abstratos. Tão ruins quanto uma forma algébrica que se reduz a uma tela escura.
Um livro pode ser uma arma, uma teoria pode ser uma arma. A transformação da matéria em energia é uma ameaça ao planeta, uma fórmula sobre o quadro negro.
“William tinha um gravador com o qual gravava sons de motins e reproduzi-los depois para incitar outros distúrbios ou tocava essas colagens provocativas em frente a um restaurante, aonde ele havia sido maltratado. Era um tipo de feitiço.”
Afinal de contas, ele sempre foi um médium. Deixe-os para fora, tranque a porta, expulse-os para sempre, troque a porta e troque a fechadura.
Os vírus são programas de replicação, talvez extraterrestres. Mas, estes vírus estão aqui, eles são sempre autoritários, dogmáticos, normalmente são contra drogas e sobretudo antiespirituais, profundamente antiespirituais. Eles querem as pessoas lá aonde elas estão.
“É um personagem que, pelas circunstâncias e pela vida que escolheu para ele, sempre esteve em viagem, sempre esteve envolvido com histórias extraordinárias, entre foras-da-lei, esteve na prisão, foi condenado muitas vezes.”
1949: Texas, perto da fronteira
Um grande porto tranqüilo de óleo e de sangue, com grandes tochas de gás abandonadas que queimam num horizonte enfumaçado. Tubarões envenenados nadam na água negra, cuspindo o hálito de seu fígado putrefato e sangrento.
A América nua se consuma no amor diante de seu reflexo a lápis do meu traseiro. Eu peido ambrosia e cago ouro. Do meu pinto jorram diamantes ao sol da manhã e eles mergulham, rodopiando, do alto do farol cego , mandando beijos e se preparando diante do espelho opaco, acompanhados de abóbadas oblíquas e capotas em forma de cripta e um mosaico de mil jornais através de um cidade de tijolos engolidos para ir, enfim, se abrigar na lama preta em meio a garrafas de cerveja e latas de conserva. E os cadáveres dos gângsteres jazem no concreto, as pistolas destruídas frustram os dedos gozadores dos especialistas em balística. E ali, cingido de fósseis, ele espera o lento strip tease da erosão.
Jogadores de xadrez, cor escura, povo de peixes jogando pela beleza, juram em suas transcrições envolventes. Eles existem em depressões diferentes, jogando seu próprio jogo de regras sombrias. Assim, um jogador pode ver no jogo grande alegria ou um destino terrível, ver qual seja seu próximo lance. Ver também o que sempre o espera e que traz grande sofrimento. Ver o que pode tornar as festas requintadas.
O grito jorra de sua carne, atravessando um deserto de vestiários e dormitórios, o ar mofado de uma pensão de temporada, a imensidão empoeirada de hangares anônimos e de entrepostos de alfândega atravessa pórticos em ruína e de volutas de gesso borrado de mictórios de zinco corroídos em uma renda transparente pela urina de milhões de latrinas abandonadas às más drogas e exalando miasmas de merda voltando em pó, campos de totens fálicos erguidos sobre os túmulos das nações moribundas num sussurro queixoso de folhas ao vento. Atravessando ainda o grande rio lamacento onde flutuam árvores de galhos cheios de serpentes verdes. E, do outro lado da planície, longe, lemurianos de olhos tristes contemplam as margens e se escuta no ar tórrido o amarrotar de folhas mortas das asas dos abutres. O caminho é juncado de preservativos furados e de ampolas de heroína vazias e tubos de vaselina secos como o sol do verão.
A caminho da Cidade do México
No México, o negócio é encontrar um drogado local munido de uma prescrição que lhe propicia doses mensais.
O amor que cai é quebrado na permutação das metades do corpo. Eu sou o espectador eterno separado por um abismo insondável de conhecimento, espalhando meus espermas nesse mundo cheio de mulheres vadias, onde só sobrevivem os fortes. Movidos pelo sexo, pelo dinheiro e pela bebida, observando a passagem do tempo como mero espectador da vida, sem pensar em nada e a dor insuportável da desencarnação. Pontos prateados explodem diante de meus olhos e as cores das ruas não dão vida à cidade que agora se encontra em um marasmo eterno. Triste espectro em visita a uma cidade morta. Estes garotos evocam corpos que há muito tempo viraram poeira, eu os chamo sem garganta, sem língua, através dos séculos: Paco, Roselito, Henrique. Muito sangue foi derramado, explicaram que só restava um corpo e que iam pendurá-lo e, quando isso acabar, tomarei este como meu corpo. Os dirigentes emitem raios sobre a imagem que inunda o mundo de réplicas.
O filme, na verdade, se torna instrumento e arma de monopólios. Trabalhe para os estúdios de realidade, senão você vai ver como é trabalhar fora do filme. Literalmente, apenas este filme poderá fazer com que você viva na realidade e deixe a monotonia de lado e esqueça aqueles velhos objetos e as pessoas que se foram.
E, sob a razão do sofrimento, do sexo e da morte, tudo isso foi para guardar os prisioneiros humanos presos em seus corpos físicos, revelados pelos monstros assassinos tatuados em seus corpos.



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A comunicação, por Marcel Proust

"A comunicação vem da criação de um ambiente comum em que os dois lados participam e extraem de sua perspectiva algo novo, inesperado... Ela não funde duas pessoas em uma só, mas é o fato de ambos participarem de um mesmo e único momento..."

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Do livro: O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio

Dia frouxo. Entrei na piscina de hidromassagem com um boa-vida. O sol estava brilhando e a água borbulhava e fazia redemoinhos, quente. Relaxei. Por que não? Dê um tempo. Tente se sentir melhor. O mundo inteiro é um saco de merda se rasgando. Não posso salvá-lo. Mas recebi muitas cartas de pessoas que disseram que meus livros salvaram suas vidas. Mas não escrevi para isso, escrevi para salvar a minha própria vida. Sempre estive por fora, nunca me adaptei. Descobri isso nos pátios das escolas. E outra coisa que aprendi foi que eu aprendia muito devagar. Os outros caras sabiam tudo; eu não sabia merda nenhuma. Tudo estava imerso em uma luz branca e estonteante. Eu era um idiota. No entanto, mesmo quando eu era um idiota, sabia que não era um idiota completo. Eu tinha algum cantinho em mim que eu estava protegendo, havia alguma coisa lá. Não importa. Aqui estava eu na piscina e minha vida estava terminando. Não me importava, já tinha visto o circo. Ainda assim, sempre haverá mais coisas para escrever até que me atirem na escuridão ou seja o que for. Isso é que é legal sobre as palavras, permanece indo em frente, buscando coisas, formando frases, se divertindo. Eu estava cheio de palavras e elas ainda saíam em boa forma. Eu tinha sorte. Na piscina. Garganta ruim, dor de cabeça, eu tinha sorte. Velho escritor na piscina, meditando. Legal, legal. Mas o inferno está sempre lá, esperando para se abrir.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ionz.com.br

Utilidade desse perfil simplista: Ausente.
Rede social preferida: Nenhuma das especificadas.

domingo, 27 de setembro de 2009

The Sleepers / Os Adormecidos (Sylvia Plath)

No map traces the street
Where those two sleepers are.
We have lost track of it.
They lie as if under water
In a blue, unchanging light,
The French window ajar

Curtained with yellow lace.
Through the narrow crack
Odors of wet earth rise.
The snail leaves a silver track;
Dark thickets hedge the house.
We take a backward look.

Among petals pale as death
And leaves steadfast in shape
They sleep on, mouth to mouth.
A white mist is going up.
The small green nostrils breathe,
And they turn in their sleep.

Ousted from that warm bed
We are a dream they dream.
Their eyelids keep up the shade.
No harm can come to them.
We cast our skins and slide
Into another time.
 
Nem um só mapa registra
A rua dos dois adormecidos.
Nós perdemos sua pista.
Jazem como se submersos
Em imutável luz azul,
Aberta, a porta de vidros

Com laços de fita amarela.
Por esta fresta penetra
Odores de terra úmida.
A lesma deixa um rastro prata;
Negras sebes cercam a casa.
Então olhamos para trás.

Morte feito pétalas lívidas
Entre folhas de formas tesas
Eles dormem, boca a boca.
Uma névoa branca esvoaça.
Suspiram narinas mínimas,
E eles reviram em seu sono.

Longe daquele leito ameno
Somos um sonho que eles sonham.
Suas pálpebras retêm sombras.
Nada vai lhes acontecer.
Trocamos a pele e nos movemos
Dentro de um outro tempo.




 
 

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

John U. Abrahamson

"Sarcophagus"
Digital painting done in Photoshop for the book and exhibition "Device, Volume Fantastic Contraption"

 "Slither"
    "Slither" digital painting in Photoshop.

"Anger"
oil on gesso coated paper
"Friendship"
oil on gesso coated paper 

"Self Portrait"
oil on gesso coated paper 
"Fresco Fragment"
    oils on canvas 
Website:  www.johnua.com

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Brian M. Viveros

 Hook Her

 
 Weaving

  
Back Massage



 Dirty Land III



El Carnivora



Frost Bite



Red Wine



Octopussy



Fight Klub



Viva la Muerte

Evil Eye

More about the artwork here: www.brianmviveros.com

Carlos Bacha

Visitem.
Postado sob a autorização do autor. Proibida a cópia. 


 







domingo, 20 de setembro de 2009

John U. Abrahamson - Torments of my Beloved

H. R. Giger em seu estúdio na Suíça

sábado, 19 de setembro de 2009

Rondel (Georg Trakl - 1912)

Verflossen ist das Gold der Tage,
Des Abends braun und blaue Farben:
Des Hirten sanfte Flöten starben
Des Abends blau und braune Farben
Verflossen ist das Gold der Tage



Foi-se o dourado dos dias,
Cor marrom e azul da tarde:
Doces flautas vãs do pastor
Cor marrom e azul da tarde
Foi-se o dourado dos dias.

Segredo Quebrado (Isaías do Maranhão)

A poesia afogada
no espaço corta a fala
da faca.

A mão ferida da luta
semeia sonhos em pesadelos.

HÁ DENTRO DE MIM
UMA SAGA DE MISTÉRIOS.

Um grito
quebra o segredo
do projeto.

Meia-noite, o medo
tritura a vida de quem
dormiu e não sonhou
com bandeiras içadas
na sarjeta,

- De náufragos deuses
Que trabalham sem auras.

Ofídios do Fogo (Isaías do Maranhão)

JÁ NÃO SABEMOS
QUANDO AS HORAS ESTÃO CERTAS.

E a mão que se arma perante
o corpo é o olho de uma cabeça
sem CÉREBRO.

Se as mãos que distribuem
ARMAS fizessem POESIA
não haveria o último

TIRO.

Vida-natureza (Isaías do Maranhão)

FLOR!

SEXO SAGRADO DA NATUREZA,
QUE O "HOMEM"

- ESTUPROU.
"Amaldiçoadas sejam as mãos que levantaram as chibatas no esticar do arame."
Isaías do Maranhão

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Apresentando o grande escritor Isaías do Maranhão

Poeta maranhense que eu admiro muito. A temática de Isaías do Maranhão aborda a poesia da miséria da condição humana.
Não está presente no Google!! Confirme o que eu digo, há apenas registros de anúncios para venda  dos seus livros em sebos virtuais. Seus livros publicados incluem:
  • Setembro da Poesia, em que assinou utilizando seu nome de batismo, Isaías Alves Ferreira - 1980
  • 200 kg de Miséria - 1983
  • Navalha do Futuro - 1984
  • As Estrelas não Dormem - 1987
  • Odisséia da Expiação - 1995
Irei apresentar a poesia contida no seu segundo livro, 200 KG DE MISÉRIA, pois há autorização expressa do autor para isso.
A seguir suas próprias palavras sobre o livro:
"200 kg de Miséria é uma história de amor, ódio, justiça e liberdade. É uma fogueira em que cada letra é uma acha de lenha cuspindo brasas na cara do HOMEM. Mostra o sinistro cogumelo de uma bomba-humana em explosão. É uma advertência de tanto dinheiro depositado em nossa morte atômica-mundial.
É uma expedição embrulhada em minhas reminiscências, prosseguindo em cada verso obsessões apocalípticas nos TRATADOS DO SER E DO NADA DA HUMANIDADE MIRADA NA TECNOLOGIA DOS TEMPOS À DESTRUIÇÃO TOTAL. 200 kg de Miséria tem em cada página uma bala ativada na carne da sociedade, a mesma que cuspiu fome na barriga de meu POVO. É uma romaria de gritos baralhados em minha língua e afiados nos meus dentes, fecundados em 10 Estados do BRASIL-PUTECO." 

"O futuro é uma navalha aberta."

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Como os estudantes de Medicina escolhem suas especialidades?

Fonte: British Medical Journal

Sendo assim, eu iria para a Psiquiatria.

Pimenta nos olhos

Chega de ser carpideira, o enterro já aconteceu.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Parque de diversões no dia do julgamento

Ticket de spam coincidente recebido por marketing de hipnose via webcam.
Cacete de cogumelo automonitorador para implante de peito de borracha na hello kitty navalhada de pau oco. Água mineral administrada com frutas orgânicas na cabeça de formol durante banho de chuva ácida. Adolescentóides de todas as idades, grandiloquentes em apoptose cognitiva. Caricaturas legisladas pelo governo sacripanta, apropriadas após escambo com algodão-doce.
Bungee jump perestróico para balanceamento de líquor de robôs em distanásia, que saem tontos após visões de ocidentais bregas programadas para dança-do-ventre.
Cirandinha geradora de enxaqueca viciante em escala binária.
Roleta russa de presente na pescaria no barril de ratos anedônicos.
Psicodelia sadoalienante com prejuízo psicotrópico permanente, pedalando pandemias.
Piriguete vampiresca engolidora de pistolas com QI abaixo de zero.
Banda larga que promove taquifilaxia em progressão geométrica através de viagem no tempo.
Sangue radioativo descoberto nos tentáculos da complexa cadeia bioquímica.
Erosão glacial embalando a vácuo as pacatas tocas de animais que se injetam do seu próprio veneno.
Pornografia holográfica estéril para prazer e extinção da cadeia alimentar.
Evolução sequestrada nas síndromes contraditórias de complexo de satã.
Laços de consolação melindrosa pagadores de impostos para moedores de carne obesa.
Rolo compressor impactador da homogeneidade aniquilante para encenação lúdica.
Aluguel gratuito de massa encefálica natimorta para lustrar esteróides androgênicos.
Marajás enjaulados com tapa-olhos de diamante cercados por fogueiras itinerantes expostos em platéias de locução selvagem.
Caramujo condenado a pena de morte por não revelar o segredo da sobriedade silenciosa.
Conspirações do universo que roubam a herança intelectual de ídolos suicidas para armazená-la em meteoritos de piedade. 
Tatuagens de sistemas eletrônicos com mapas burocráticos confidenciais em corpos enrugados.
Doenças coletivas devido a autocanibalismo crônico, mas tidas como invenção capitalista.
Filas faraônicas observadas por satélites escondidos em antenas de baratas religiosas, com desejos de hiperfagia nas alucinações de cupinzeiros.
Arco-íris fingido após carícias de queimaduras FPS 90.
Tímpanos com download incompleto devido a infecção por sotaque alienígena.
Anagramas curinga reveladores do fim infinito-circular.


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Exame do cérebro aponta melhor droga para tratar depressão (Folha de São Paulo)


Jornalista: FERNANDA BASSETTE

14/09/2009 - Quase 50% dos pacientes em tratamento não apresentam resposta satisfatória ao primeiro medicamento prescrito.

Hoje, os médicos levam de quatro a seis semanas para identificar que determinado remédio não surtiu efeito, o que atrasa o tratamento.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia identificaram um possível biomarcador que é capaz de mostrar, depois de uma semana, se determinada droga antidepressiva apresenta resultados no paciente. Atualmente, quase 50% dos doentes não apresentam resposta satisfatória ao primeiro medicamento prescrito.
Além disso, os médicos demoram de quatro a seis semanas para identificar que determinado remédio não surtiu efeito - o que atrasa o tratamento, pois a avaliação clínica dos resultados só é realizada após esse período. Por causa disso, muitos pacientes abandonam o tratamento.
Outro fator de demora na identificação do melhor tratamento é a quantidade de drogas disponíveis. Hoje, são comercializados cerca de 30 compostos diferentes de antidepressivos, o que dificulta a escolha.
Estima-se que 17% da população adulta vá enfrentar um episódio de depressão pelo menos uma vez na vida. Encontrar um biomarcador de resposta ao tratamento é o principal objetivo dos psiquiatras.
Segundo os pesquisadores, a avaliação de qual medicamento vai funcionar em determinado paciente seria possível através da realização de um eletroencefalograma quantitativo (mapeamento da atividade cerebral) antes e depois do início do uso da medicação. Trata-se de um exame não-invasivo, realizado em cerca de 15 minutos.
Para chegar aos resultados, publicados na "Psychiatry Research", os cientistas avaliaram 375 pacientes diagnosticados com depressão. Os voluntários fizeram o eletro antes de iniciar o tratamento, para os pesquisadores avaliarem o padrão das ondas cerebrais, e repetiram o exame uma semana depois.
No segundo exame, os pesquisadores observaram mudanças nos padrões das ondas cerebrais em comparação com o eletro de base e identificaram um biomarcador chamado de índice de resposta ao tratamento antidepressivo (ATR).
Depois de 49 dias, os cientistas perceberam que podiam prever se os voluntários estavam mais propensos a responder a um antidepressivo diferente, pois encontraram 74% de exatidão nas previsões.
"Os resultados são um marco em nossos esforços para desenvolver biomarcadores clinicamente úteis", disse Andrew Leuchter, autor do estudo.
Para o psiquiatra Ricardo Moreno, coordenador do Programa de Transtornos Afetivos do Instituto de Psiquiatria da USP, os resultados são interessantes, mas ainda precisam ser replicados em outros centros.
"Encontrar biomarcadores de resposta é o sonho de todos os centros de pesquisa do mundo. Se esses resultados forem comprovados, trarão um benefício muito grande para os pacientes", avalia Moreno.
A mesma opinião tem o psiquiatra Marco Antônio Brasil, do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Psiquiatria. "O tempo de espera para saber se um remédio está fazendo efeito é muito grande e desgastante para o paciente. No futuro, esse recurso poderá ser uma boa alternativa", diz.
Brasil, no entanto, faz uma ponderação. Para ele, mesmo que outros estudos internacionais comprovem a eficácia do método, será difícil realizar esse tipo de exame em toda a população com depressão.
"Falando em saúde pública, o eletro é um exame que custa caro para ser feito e repetido em uma semana. Acho que ele será uma boa alternativa para aqueles pacientes que já tentaram de tudo e continuam com a depressão persistente", avalia.
O psiquiatra Marcos Pacheco Ferraz, professor da Unifesp, diz que os resultados estão longe de serem aplicados na prática clínica porque da forma como foram apresentados, em 26% dos casos, não é possível indicar o melhor medicamento com exatidão. "Não ter resultado eficaz em um quarto dos casos é um problema. Além disso, acho impossível fazer o exame em todos os doentes", diz.

Rainer Maria Rilke sobre Georg Trakl


"(...) recebi o "Sebastião no Sonho", do qual muito já li: comovido, estupefato, cheio de pressentimentos e perplexidade; pois logo se entende que as circunstâncias desse soar ascendente e ressoar descendente foram irremediavelmente únicas, justamente como as que nascem do sonho. Tenho a sensação de que, mesmo para alguém próximo a Trakl, essas perspectivas e visões só aparecem como se através de vidros, como se excluído delas: pois a experiência de Trakl é como uma sucessão de reflexos e preenche todo o seu espaço, inacessível qual o espaço do espelho."
Rainer Maria Rilke

Desabafo

"Penso que a minha poesia seja fruto da experiência de meus sentidos e da minha emoção, mas devo dizer que não posso ter simpatia por aquele 'grito do coração' (...). Creio que se deva saber controlar as experiências, até as mais terríveis, como a loucura, a tortura (...). E se deva saber manipular com uma mente lúcida que lhe dê forma (...)."
Sylvia Plath