domingo, 21 de março de 2010

Medusa (Sylvia Plath)



Medusa

Off that landspit of stony mouth-plugs,
Eyes rolled by white sticks,
Ears cupping the sea's incoherences,
You house your unnerving head--God-ball,
Lens of mercies,
Your stooges
Plying their wild cells in my keel's shadow,
Pushing by like hearts,
Red stigmata at the very center,
Riding the rip tide to the nearest point of
departure,

Dragging their Jesus hair.
Did I escape, I wonder?
My mind winds to you
Old barnacled umbilicus, Atlantic cable,
Keeping itself, it seems, in a state of miraculous
repair.

In any case, you are always there,
Tremulous breath at the end of my line,
Curve of water upleaping
To my water rod, dazzling and grateful,
Touching and sucking.
I didn't call you.
I didn't call you at all.
Nevertheless, nevertheless
You steamed to me over the sea,
Fat and red, a placenta

Paralyzing the kicking lovers.
Cobra light
Squeezing the breath from the blood bells
Of the fuchsia. I could draw no breath,
Dead and moneyless,

Overexposed, like an X-ray.
Who do you think you are?
A Communion wafer? Blubbery Mary?
I shall take no bite of your body,
Bottle in which I live,

Ghastly Vatican.
I am sick to death of hot salt.
Green as eunuchs, your wishes
Hiss at my sins.
Off, off, eely tentacle!
There is nothing between us.

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Medusa

Longe dessa península de boquilhas petrificadas,
Olhos revirados por varetas brancas,
Orelhas absorvendo as incoerências marinhas,
Você abriga sua cabeça débil — bola divina,
Lente de piedades,

Seus parasitas
Abastecem suas células selvagens à sombra de minha quilha,
Empurrando como corações,
Estigmas vermelhos bem no centro,
Cavalgando a contracorrente até o ponto de partida mais próximo.

Arrastando seus cabelos de Jesus.
Escapei, me pergunto?
Minha mente sopra até você
Umbigo de velhos mariscos, cabo Atlântico,
Se mantendo, parece, em estado de milagrosa conservação.

Em todo caso, você está sempre ali,
Respiração trêmula no fim da minha linha,
Curva d'água pulando
Em meu caniço, deslumbrante e agradecida,
Tocando e sugando.

Não chamei você.
Não chamei você mesmo.
No entanto, no entanto
Você navegou em minha direção,
Obesa e vermelha, uma placenta

Paralisando amantes impetuososos.
Luz de naja
Espremendo o hálito das rubras campânulas
Da fúcsia. Sem poder respirar,
Morta e sem dinheiro,

Superexposta, como num raio x.
Quem você pensa que é?
Hóstia de comunhão? Maria Carpideira?
Não vou tirar nenhum pedaço desse seu corpo,
Garrafa aonde vivo,

Vaticano terrível.
O sal quente me mata de enjôo.
Imaturos como eunucos, seus desejos
Sibilam para meus pecados.
Fora, fora, coleante tentáculo!

Não há mais nada entre nós.

Versão psicanalítica dos poemas Daddy e Medusa, da Sylvia Plath:
Nazistas, Medusa e a Poesia, por Vinícius Carvalho Pereira

Veja também:
Poema Daddy, da Sylvia Plath

Um comentário:

  1. Muito bom, gostei das palavras usadas, e o modo como ela o cita é quase como um "canto" para meus ouvidos

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